"O TÍTULO refere o soneto XXIX de Shakespeare ('When in disgrace with fortune and men's eyes').
A peça passa-se num reformatório, onde se encontram quatro rapazes com idades entre os 17 e os 20 anos.
Vivem na mesma cela.
A questão é a violência, quer entre eles, quer entre eles e o resto do reformatório, ou mesmo o exterior, de que não se vê nada, a não ser um guarda, mais velho.
A questão é, também, a da articulação da violência com relações afectivas, que, neste caso, são homossexuais.
Estreou em 1967, em Nova Iorque, e é uma peça típica, combativa, reivindicativa, que remete para algumas das coisas mais vitais no movimento gay.
Intrigantemente actual, é apresentada numa notável encenação de José Henrique Neto, com actores que se distinguem por uma representação directa, simples e extremamente subtil.
Os recursos materiais da produção sao nulos, o resultado é notável e exemplar"
João Carneiro
in Jornal Expresso
domingo, 15 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
OS OLHOS DO MUNDO E A FORTUNA NO ESPAÇO KABUKI
PROVAVELMENTE A ÚLTIMA OPORTUNIDADE PARA QUEM AINDA NÃO VIU,
E PARA QUEM QUER REVER!
Dois fins-de-semana:
6,7,8 e 13,14
22h
No espaço Kabuki:
http://www.kabuki.pt/center/
NÃO PERDER!
E PARA QUEM QUER REVER!
Dois fins-de-semana:
6,7,8 e 13,14
22h
No espaço Kabuki:
http://www.kabuki.pt/center/
NÃO PERDER!
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
CONSIDERAÇÕES SOBRE A VIDA E O ESPECTÁCULO
"No Teatro, como na vida, A comédia serve apenas para esconder a tragédia inerte às pessoas.
As pessoas dizem piadas, riem-se, divertem-se, mas… vá lá, nomeiem-me uma única pessoa que, por de trás dos olhos do mundo, não esconda um profundo olhar de tristeza… solidão?
Creio que, quem assim não for, guarda dentro de si um enorme e frustrante vazio. O que, só por si, é também uma grande tragédia.
Acredito no Teatro que faz rir, que diverte e diz piadas.
Acredito e exijo que, por de trás disto tudo, há que se fazer sempre sentir a tal inerente e eterna tragédia da vida.
Se assim não for, o espectáculo será sempre e apenas um profundo e frustrante vazio.
O que, só por si, é uma grande, uma enorme, estúpida e ridícula "tragédia"."
As pessoas dizem piadas, riem-se, divertem-se, mas… vá lá, nomeiem-me uma única pessoa que, por de trás dos olhos do mundo, não esconda um profundo olhar de tristeza… solidão?
Creio que, quem assim não for, guarda dentro de si um enorme e frustrante vazio. O que, só por si, é também uma grande tragédia.
Acredito no Teatro que faz rir, que diverte e diz piadas.
Acredito e exijo que, por de trás disto tudo, há que se fazer sempre sentir a tal inerente e eterna tragédia da vida.
Se assim não for, o espectáculo será sempre e apenas um profundo e frustrante vazio.
O que, só por si, é uma grande, uma enorme, estúpida e ridícula "tragédia"."
segunda-feira, 7 de julho de 2008
SOBRE A PEÇA E O ESPECTÁCULO
Da autoria de António Manuel Couto Viana, Era uma vez um dragão é uma comédia em verso, na redondilha maior da poesia popular e vicentina.
Com um enredo muito simples, apresenta-nos três amigos que, em tempos já muito antigos, saíram da sua terra em busca de aventura: Catrapaz, Catrapiz e Catrapuz. Catrapiz tenta assustar os outros dizendo ter visto um terrível dragão na noite anterior. Catrapaz, apesar de amedrontado, afirma-se capaz de desfazer o monstro em mil pedaços. Catrapuz decide dar-lhes uma lição. Através de disfarces consegue desmascarar as mentiras de um e a fanfarronice do outro. Tudo acaba bem e a amizade dos três sai reforçada.
O texto, ágil e alegre, resultou numa encenação que celebra o prazer do despique verbal, das danças, canções e jogos de 'faz de conta'. Assim se compõe um espectáculo apreciado por crianças, jovens e adultos e que exalta a mestria de um dos mais profícuos autores portugueses.
Com um enredo muito simples, apresenta-nos três amigos que, em tempos já muito antigos, saíram da sua terra em busca de aventura: Catrapaz, Catrapiz e Catrapuz. Catrapiz tenta assustar os outros dizendo ter visto um terrível dragão na noite anterior. Catrapaz, apesar de amedrontado, afirma-se capaz de desfazer o monstro em mil pedaços. Catrapuz decide dar-lhes uma lição. Através de disfarces consegue desmascarar as mentiras de um e a fanfarronice do outro. Tudo acaba bem e a amizade dos três sai reforçada.
O texto, ágil e alegre, resultou numa encenação que celebra o prazer do despique verbal, das danças, canções e jogos de 'faz de conta'. Assim se compõe um espectáculo apreciado por crianças, jovens e adultos e que exalta a mestria de um dos mais profícuos autores portugueses.
ERA (mais) UMA VEZ... UM DRAGÃO
O grupo 3-SETE-3 está de volta desta vez com a reposição de Era uma vez... Um Dragão, de António Manuel Couto Viana, que conta com a encenação de José Henrique Neto e a interpretação de João Vicente, José Redondo e Luís Lobão.
A não perder!
De 12 de Julho a 3 de Agosto 2008
Sábados e Domingos 11h00
Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
Avenida Dom Carlos I, Nº61 Tel.:213973471
Sábados e Domingos 11h00
Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
Avenida Dom Carlos I, Nº61 Tel.:213973471
quinta-feira, 22 de maio de 2008
quinta-feira, 17 de abril de 2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
segunda-feira, 7 de abril de 2008
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Mensagem Internacional
Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que mais questiona o meu espírito tem a forma de uma fábula:
Uma noite, em tempos imemoriais, um grupo de homens tinha-se reunido numa pedreira para se aquecer à volta de uma fogueira a contar histórias. Quando de repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua própria sombra para ilustrar a sua história . Socorrendo-se da luz das chamas, fez aparecer nas paredes da pedreira figuras maiores do que o natural. Os outros, deslumbrados, foram reconhecendo o forte e o fraco, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.
No nosso tempo, a luz dos projectores substitui a luz da fogueira original e a maquinaria de cena as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula recorda-nos que a tecnologia está na verdadeira origem do teatro, que não deve ser considerada como uma ameaça, mas como um elemento congregador.
A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de reinventar-se, utilizando novas ferramentas e novas linguagens. Caso contrario, como poderia o teatro continuar a ser o testemunho dos grandes embates da sua época e promover a compreensão entre os povos, se ele mesmo não desse prova de abertura? Como poderia orgulhar-se de oferecer soluções para os problemas de intolerância, de exclusão e de racismo, se, na sua própria prática, se recusasse à mestiçagem e à integração?
Para representar o mundo com toda a sua complexidade, o artista deve propôr formas e ideias novas e mostrar confiança na inteligência do espectador capaz de reconhecer , ele próprio, a silhueta da humanidade nesse jogo perpétuo de luz e sombra.
É verdade que, por brincar demais com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas pode também ter a possibilidade de deslumbrar e de iluminar.
ROBERT LEPAGE QUEBEC, 17 de Fevereiro de 2008
Uma noite, em tempos imemoriais, um grupo de homens tinha-se reunido numa pedreira para se aquecer à volta de uma fogueira a contar histórias. Quando de repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua própria sombra para ilustrar a sua história . Socorrendo-se da luz das chamas, fez aparecer nas paredes da pedreira figuras maiores do que o natural. Os outros, deslumbrados, foram reconhecendo o forte e o fraco, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.
No nosso tempo, a luz dos projectores substitui a luz da fogueira original e a maquinaria de cena as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula recorda-nos que a tecnologia está na verdadeira origem do teatro, que não deve ser considerada como uma ameaça, mas como um elemento congregador.
A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de reinventar-se, utilizando novas ferramentas e novas linguagens. Caso contrario, como poderia o teatro continuar a ser o testemunho dos grandes embates da sua época e promover a compreensão entre os povos, se ele mesmo não desse prova de abertura? Como poderia orgulhar-se de oferecer soluções para os problemas de intolerância, de exclusão e de racismo, se, na sua própria prática, se recusasse à mestiçagem e à integração?
Para representar o mundo com toda a sua complexidade, o artista deve propôr formas e ideias novas e mostrar confiança na inteligência do espectador capaz de reconhecer , ele próprio, a silhueta da humanidade nesse jogo perpétuo de luz e sombra.
É verdade que, por brincar demais com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas pode também ter a possibilidade de deslumbrar e de iluminar.
ROBERT LEPAGE QUEBEC, 17 de Fevereiro de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
terça-feira, 18 de março de 2008
BOAS NOTÍCIAS
A pedido de várias famílias, Os Olhos do Mundo e a Fortuna, terá uma nova temporada.
Desta vez na sala estúdio do Teatro da Trindade de 23 de Abril a 11 de Maio.
A não perder!
Desta vez na sala estúdio do Teatro da Trindade de 23 de Abril a 11 de Maio.
A não perder!
terça-feira, 11 de março de 2008
O sexo é um lugar (muito) estranho
Bruno Horta assistiu à estreia de uma peça sobre sexo, poder e delinquência.
Três rapazes delinquentes conversam e jogam às cartas, sentados em pobres camas de ferro. Dão-se mal uns com os outros, são rebeldes e revoltados. “O meu cu é mais bonito do que a tua cara”, diz um. “Aquele tem a mania que é o galo da capoeira”, diz outro. Estão num reformatório, mas as regras são iguais às de uma prisão de outros tempos. Há castigos físicos, uma cela solitária, guardas violentos. E muito sexo escondido.
É este o cenário de Os Olhos do Mundo e a Fortuna, peça do canadiano John Herbert (1926-2001), estreada a semana passada no Espaço Karnart – onde peças e performances de temática gay são bastante habituais.
Apresentada em duas partes, com intervalo pelo meio, a peça foi traduzida, adaptada e encenada por José Henrique Neto, de 52 anos, actor desde 1977 e fundador do grupo de teatro 3-Sete-3, que a leva a cena.
´Dos três rapazes, Queenie (João Vicente) é o único gay assumido – os outros são ambíguos. Adora exibir-se, é um desbocado. Arranja as sobrancelhas, discute com toda a gente, põe as plumas, rebola-se, canta e fala muito. Das zonas de engate, onde atacava antes de ser mandado para o reformatório. De prostitutos de rua que conheceu e que odeia. E da forma como, em troca de favores sexuais, consegue ser bem tratado pelos guardas. “Cheguei a primeira-dama alçando a perna esquerda e a direita.”
Apesar disso, a personagem principal não é ele, nem os dois companheiros de cela: Rocky (José Redondo) e Mona Lisa (Luís Lobão). É um novato que se lhes junta: Smitty (Tomás Alves). “O tipo de rapaz simples ‘às direitas’ que geralmente inspira simpatia à primeira vista”, lê-se na folha de sala. Ingénuo, no princípio, passará, em três tempos, a dominar os outros.
Para se perceber bem a peça é preciso lembrar que foi escrita há 41 anos, em 1967, quando o movimento de libertação homossexual, tal como o conhecemos, ainda não existia. Ou seja, é anterior ao episódio de Stonewall, em Nova Iorque, em Junho de 1969, quando um grupo de noctívagos gays se revoltou contra a violência da polícia.
Segundo a Encyclopedia of Canadian Theatre (online, gerida pela Universidade de Athabasca, Canadá), trata-se da “primeira peça a apresentar de forma chocante o tratamento que a sociedade dispensava aos gays e as condições desumanas das prisões”. À data, os actos homossexuais no Canadá eram punidos com pena de prisão até 14 anos.
Apesar de já ter sido traduzida, segundo aquela enciclopédia, para 40 idiomas e apresentada em mais de cem países, é a primeira vez que a peça chega a Portugal.
José Henrique Neto nota que “seria redutor encarar esta obra como peça gay”. A homossexualidade, diz, “é necessariamente preponderante nas prisões, mas aí, como em todo lado, o sexo só raramente está ligado a opções reais e ainda mais raramente ao amor”. O importante, diz, “é que as pessoas olhem para a obra como uma metáfora dos jogos de sexo e de poder que existem em todo o lado”.
Os Olhos do Mundo e a Fortuna, de John Herbert. Qua a Seg, 22.00. Espaço Karnart, R da Escola de Medicina Veterinária, 21.
terça-feira, 4 de Março de 2008
Revista Time Out
quinta-feira, 6 de março de 2008
terça-feira, 4 de março de 2008
29.
Se em desgraça com olhos do Mundo e Fortuna
Eu choro, proscrito e só, meu pobre estado
E o meu vão bradar os surdos céus importuna
E atento em mim e maldigo o meu fado,
Querendo-me igual a outro mais rico em esp'rança,
Seu par em amizades, como ele atraente
Invejando a este a arte, àquele o que alcança,
Com o que mais prazer me traz menos contente;
Neste pensar, que em desprezar-me se traduz,
Se penso em ti por grã ventura, então minh'alma,
Qual cotovia que emerge à primeira luz
Da terra escura, num cântico ao Céu se alumia;
Pois lembrar teu amor é estado de tal bem
Que nem por Reino eu trocara o que ele contém.
Eu choro, proscrito e só, meu pobre estado
E o meu vão bradar os surdos céus importuna
E atento em mim e maldigo o meu fado,
Querendo-me igual a outro mais rico em esp'rança,
Seu par em amizades, como ele atraente
Invejando a este a arte, àquele o que alcança,
Com o que mais prazer me traz menos contente;
Neste pensar, que em desprezar-me se traduz,
Se penso em ti por grã ventura, então minh'alma,
Qual cotovia que emerge à primeira luz
Da terra escura, num cântico ao Céu se alumia;
Pois lembrar teu amor é estado de tal bem
Que nem por Reino eu trocara o que ele contém.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
JOHN HERBERT 13 Oct. 1926 - 22 Jun. 2001 Toronto
John Herbert Brundage trabalhou décadas no teatro em diversas funções. Antes de atingir a fama com esta peça, foi ganhando a vida com todo tipo de trabalho.
No Canadá, até 1969, os actos homossexuais eram puníveis com pena de prisão até 14 anos. Herbert era evidentemente “gay” e gostava de usar roupas de mulher em público, chegando a desfilar modas femininas. Isto era ilegal na década de 1940 e, para mais, valeu-lhe várias agressões. No Outono de 47, Herbert foi atacado por um grupo de jovens que tentou roubá-lo. Quando a polícia interveio, os atacantes alegaram que Herbert lhes tinha feito propostas indecentes e mantiveram a acusação em tribunal. O autor foi condenado a quatro meses no reformatório de Guelph, passando aí o 21o aniversário. Libertado em Fevereiro de 1948, foi novamente detido por travestismo no reformatório de Mimico. Ainda se praticava a punição corporal nas prisões canadenses. Herbert foi espancado e violado por reclusos num armazém de ginásio no reformatório de Guelph e, no de Mimico, foi acorrentado pelos quadris e tornozelos e chicoteado nas nádegas por um guarda até desmaiar. Estas experiências são retratadas em Fortune and Men's Eyes. Herbert persistiu em travestir-se enquanto recluso e, tal como a "Queenie" que haveria de criar 16 anos mais tarde, em 47 preparou em segredo para a festa de Natal do reformatório um dramático vestido de noite preto, fez um turbante de cetim preto à moda parisiense para cobrir a cabeça rapada, e cantou uma paródia sobre o amor ao estilo de Marlene Dietrich.
Regressando a Toronto em 1955, fundou e dirigiu artisticamente três teatros com programação alternativa, tornando-se influente na cena teatral canadense. Escreveu 24 peças, das quais 6 estão publicadas.
No Canadá, até 1969, os actos homossexuais eram puníveis com pena de prisão até 14 anos. Herbert era evidentemente “gay” e gostava de usar roupas de mulher em público, chegando a desfilar modas femininas. Isto era ilegal na década de 1940 e, para mais, valeu-lhe várias agressões. No Outono de 47, Herbert foi atacado por um grupo de jovens que tentou roubá-lo. Quando a polícia interveio, os atacantes alegaram que Herbert lhes tinha feito propostas indecentes e mantiveram a acusação em tribunal. O autor foi condenado a quatro meses no reformatório de Guelph, passando aí o 21o aniversário. Libertado em Fevereiro de 1948, foi novamente detido por travestismo no reformatório de Mimico. Ainda se praticava a punição corporal nas prisões canadenses. Herbert foi espancado e violado por reclusos num armazém de ginásio no reformatório de Guelph e, no de Mimico, foi acorrentado pelos quadris e tornozelos e chicoteado nas nádegas por um guarda até desmaiar. Estas experiências são retratadas em Fortune and Men's Eyes. Herbert persistiu em travestir-se enquanto recluso e, tal como a "Queenie" que haveria de criar 16 anos mais tarde, em 47 preparou em segredo para a festa de Natal do reformatório um dramático vestido de noite preto, fez um turbante de cetim preto à moda parisiense para cobrir a cabeça rapada, e cantou uma paródia sobre o amor ao estilo de Marlene Dietrich.
Regressando a Toronto em 1955, fundou e dirigiu artisticamente três teatros com programação alternativa, tornando-se influente na cena teatral canadense. Escreveu 24 peças, das quais 6 estão publicadas.
João Vicente 20 Nov. 87 Cascais "Quennie"
Iniciou-se em teatro com o grupo Reticências da Escola Secundária de Leal da Câmara, Rio de Mouro (“Previsão de Tempo para Utopia e Arredores”, a partir de poemas de Charles Simic 2003; “Estórias de Anjos”, criação colectiva 2004, “Suburbia” de Gil Costa 2005). Com o Teatro Tapafuros participou em “Verão de 1904” e ”Liberdade, Liberdade”, ambos de Miguel Real e Filomena Oliveira (2004), “Hamlet” (Laertes - 2006), “Folia” de Paulo Borges (2007). Com o Grupo de Teatro de Letras, desempenhou Debuisson em “A Missão” de Heiner Muller (2007). Após 2 anos na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, preferiu ingressar este ano na Escola Superior de Teatro e Cinema. Fundador do grupo de repertório 3-7-3 em 2006, é o Catrapaz de “ Era Uma vez um Dragão” de António Manuel Couto Viana.
José Henrique Neto 25 Dez. 55 Luanda Versão Portuguesa, Encenação, “Guarda”
Estreia profissional em 1977 na África do Sul, com o musical "The Rocky Horror Show". Seguiram-se aí outros musicais e peças dramáticas desde Shakespeare a obras de criação colectiva, destacando-se a montagem sul-africana do "1789" de Ariadne Mnoushkine. Em 1983 concluiu com distinção a pós-graduação em Artes Teatrais pelo Drama Studio, Londres. Em Portugal desde 1984, ainda trabalhou com Amélia Rey Colaço ("El-Rei Sebastião" de Régio). Esteve na fundação das Marionetas de Lisboa, com as quais trabalhou vários anos. Desde então, tem-se desdobrado por teatro (actor/encenador/ tradutor), cinema (protagonizou "Um Homem não é um Gato", telefilme SIC) e novelas (elenco fixo "Sonhos Traídos"), para além da actividade musical e da tradução e locução de documentários para a RTP desde 1988. Fundador do grupo 3-7-3. Presentemente em “O Memorial do Convento” de Saramago, produção do Teatro Nacional no Convento de Mafra.
José Redondo 13 Fevereiro 87 Lisboa "Rocky"
Concluiu em 2007 o curso da Escola Profissional de Teatro de Cascais com “A Cozinha” de Arnold Wesker. Também se iniciou como actor no grupo Reticências da Escola Leal da Câmara, pela mão do encenador Rui Mário (“Previsão de Tempo para Utopia e Arredores”, a partir de poemas de Charles Simic 2003; “Estórias de Anjos”, criação colectiva 2004). Com o Teatro Tapafuros participou em “Selenographia in Cynthia” de Jorge Telles de Menezes (2003), “Verão de 1904” e ”Liberdade, Liberdade”, ambos de Miguel Real e Filomena Oliveira (2004), e em “Histórias Aluadas” (em cena). Participou em “TV Você” de Luís Lobão. Fundador do grupo 3-7-3, é o Catrapuz de “Era Uma vez um Dragão”.
Luís Lobão 22 Junho 87 Lisboa " Mona Lisa"
Concluiu em 2007 o curso da Escola Profissional de Teatro de Cascais, fazendo a prova de aptidão profissional na peça “A Cozinha” de Arnold Wesker. Outro destaque durante o curso foi “Alice”, baseada na obra de Lewis Carroll. No grupo 3-7-3, é o Catrapiz de “Era Uma vez um Dragão”. Apresentou-se em Janeiro de 2007 no Ciclo Novos Actores no Jardim de Inverno do Teatro S. Luis em “TV Você”, de sua autoria.
Paulo Brito 8 Agosto 72 Almada Assistente de encenação
No teatro desde 94. Como actor, estreou duas salas de Almada – em 98, a do Teatro Extremo, em “O pescador e a sua alma”, adaptado de Oscar Wilde, e em 2000, a do Fórum Romeu Correia, com uma peça sobre a vida e obra desse autor. Fez workshops de Teatro do Invisível com John Mowat. Participou no projecto de O Bando “Madrugada” de João Brites (98-99) e na máquina Rinoceronte feita para a Expo 98 em colaboração com os franceses Royal Deluxe. Em 2003, com O Grito participou em “Antígona” de Anouilh. Desde 2003, virou-se para os bastidores. Já fora técnico da Companhia de Teatro Almada em vários espectáculos e no Festival de Teatro de Almada. Ingressou nesse ano no Teatro Nacional D. Maria II como maquinista, trabalhando desde então com vários encenadores nacionais e internacionais. Como técnico de cinema, participou em “Tiro no Escuro” de Leonel Vieira e diversos filmes publicitários.
Tomás Alves 16 Julho 89 Lisboa "Smitty"
Entre os 6 e os 10 anos viveu em Madrid. No regresso ingressou no Instituto Espanhol e só aos 12 anos começou a estudar em português. Aos 15 matriculou-se na Escola Profissional Teatro de Cascais, concluindo o curso em 2007 com “A Cozinha” de Arnold Wesker. Também participou em “TV Você” de Luís Lobão. Em cinema foi Carlitos em “Do outro lado do mundo” de Leandro Ferreira (2006) e protagonista em “Simão Botelho” de Mário Barroso (adaptação de “Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco - 2007). Em televisão, depois de uma passagem pela “Floribela” (Filipe), está no elenco fixo da telenovela “Rebelde Way” como Tomás Moreira. É baixista e vocalista da banda Katharsis, fundada em 2005.
PERSONAGENS
(ao lado: John Herbert em 1948)
SMITTY: Jovem bem parecido com 17 anos, de inteligência clara, classe média baixa. Rosto forte e masculino, com suficiente delicadeza de modos e expressão para lhe suavizar alguma rudeza. Tipo de rapaz simples “às direitas” que geralmente inspira simpatia quase à primeira vista.
ROCKY: Jovem de 19 anos, duro demais para a idade, embora revele constantemente alguma imaturidade emocional. Um chico-esperto impulsionado por medos. Projecta ódio para se defender, ostentando ausência de sentimentos ou compaixão. Vive como um rato acossado: maldoso, perigoso, imprevisível. É esguio, frio, escuro, afiado como uma lâmina.
QUEENIE: Jovem de 19-20 anos, com a força de um lutador e a pele suave e branca dos louros. Sendo encorpado, move-se com graciosidade e finura quase femininas – ou seja, é extremamente preciso e calculado; de modo algum frívolo. Os seus movimentos (muitas vezes propositadamente exagerados) são grandes, solenes e extravagantes. Os traços do rosto são delicados, quase abonecados: bochechas, nariz pequeno. A expressão da boca é petulante, mimada, mas o olhar é duro, frio, azul-pálido. Cabelo fino e encaracolado como o de um bebé. Faz lembrar a Madame de um bordel... casca-grossa, cruel, voluptuoso.
MONA LISA (Leo): Jovem de 18-19 anos, com uma aparência física que imediatamente desagrada a muita gente, quer homens quer mulheres. Parece suspenso entre géneros, nem rapaz nem mulher. É magro, de ombros estreitos, comprido de pescoço e pernas mas nunca desastrado. Move-se com graciosidade não calculada. Tem uma natureza mais feminina do que efeminada – nele, a ausência de masculinidade não é dada por maneirismos mas sim pelo conjunto total, pela leveza de movimentos e suavidade dos gestos. A sua feminilidade não é agressiva… simplesmente existe. O rosto valeu-lhe a alcunha de "Mona Lisa.” Os traços são os de uma Nossa Senhora: nariz aquilino, boca aristocrática, olhos melancólicos. O contorno do rosto é oval, a expressão enigmática.
GUARDA (“Cara Santa”): Homem de traços duros, na casa dos 45-50, com ar de oficial reformado. Postura rígida, militar, sugerindo hábitos de ordem e disciplina. Impõe certo respeito o seu exterior de lei fardada mas pressente-se por trás do cara ríspida alguma preocupação ou insegurança, como se de tempos a tempos lhe perpassasse algum fantasma do passado que ele preferiria esquecer. Nesses momentos, perde à-vontade e parece muito menos impressionante apesar da farda. Tem uma úlcera gástrica que lhe causa desconforto e se manifesta por arrotos sonoros.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
NOTA DE INTENÇÕES
Seria redutor encarar esta obra como “peça gay”. A homossexualidade é necessariamente preponderante nas prisões, facto que não é escamoteado, mas aí, como em todo lado, o sexo só raramente está ligado a opções reais e ainda mais raramente ao amor.
O que é específico, talvez, é o sexo ter um peso tão grande e directo nas relações de poder.
Por outro lado, importa dizer que há aspectos aqui retratados que não correspondem exactamente à lei ou ao sistema prisional português, tais como as penas ou medidas disciplinares aplicadas. As referências locais foram propositadamente diluídas nesta versão, que não pretende ser documental.
Interessa-nos a cela como metáfora, como microcosmo em ambiente de estufa das relações humanas em geral e das relações de poder em particular, interessa-nos entrever o que haverá de universal nesta situação específica, tentar perceber as diversas estratégias deliberadas ou inconscientes que se desenvolvem para conviver, sobreviver e preservar alguma dignidade quando o sistema instalado é corrupto e brutalizante, interessa-nos a fragilidade e raridade da compaixão e da ternura.
O que é específico, talvez, é o sexo ter um peso tão grande e directo nas relações de poder.
Por outro lado, importa dizer que há aspectos aqui retratados que não correspondem exactamente à lei ou ao sistema prisional português, tais como as penas ou medidas disciplinares aplicadas. As referências locais foram propositadamente diluídas nesta versão, que não pretende ser documental.
Interessa-nos a cela como metáfora, como microcosmo em ambiente de estufa das relações humanas em geral e das relações de poder em particular, interessa-nos entrever o que haverá de universal nesta situação específica, tentar perceber as diversas estratégias deliberadas ou inconscientes que se desenvolvem para conviver, sobreviver e preservar alguma dignidade quando o sistema instalado é corrupto e brutalizante, interessa-nos a fragilidade e raridade da compaixão e da ternura.
BREVE HISTORIAL DA PEÇA
Esta peça, escrita entre 1963 e 1966, é a mais publicada de qualquer dramaturgo canadense (traduzida em 40 línguas e levada à cena em mais de 60 países).
É das poucas obras dramáticas que de facto teve um impacte social directo e duradouro.
Se apela à tolerância da diversidade em vez da negação pelo ostracismo e à redenção dos tormentos pessoais pelo amor, em linha com o soneto de Shakespeare, também apela muito claramente a uma reforma do sistema prisional.
Deu um contributo forte e pioneiro para acabar com as caracterizações estereotipadas de personagens homossexuais mas foi mais além. Pouco depois da estreia pública, a 23 de Fevereiro de 1967 no Actor’s Playhouse de Nova Iorque (após inúmeras rejeições desagradáveis), começaram sessões de debate com o público todas as terças-feiras após a função, que levaram no mesmo ano à fundação da Fortune Society, uma organização sem fins lucrativos que ainda hoje se dedica à reinserção social de ex-reclusos.
Em 1971, a Metro Goldwin Mayer produziu uma versão cinematográfica que, apesar da colaboração de Herbert no guião, sofreu alterações que a tornam muito inferior à peça, diminuem os personagens e, em alguns aspectos, torpedeiam os objectivos originais do autor. Sobretudo, fecha a história em si própria, roubando-lhe o valor de metáfora aplicável noutros contextos da condição humana. Salva-se o desempenho de Michel Greer como Queenie.
É das poucas obras dramáticas que de facto teve um impacte social directo e duradouro.
Se apela à tolerância da diversidade em vez da negação pelo ostracismo e à redenção dos tormentos pessoais pelo amor, em linha com o soneto de Shakespeare, também apela muito claramente a uma reforma do sistema prisional.
Deu um contributo forte e pioneiro para acabar com as caracterizações estereotipadas de personagens homossexuais mas foi mais além. Pouco depois da estreia pública, a 23 de Fevereiro de 1967 no Actor’s Playhouse de Nova Iorque (após inúmeras rejeições desagradáveis), começaram sessões de debate com o público todas as terças-feiras após a função, que levaram no mesmo ano à fundação da Fortune Society, uma organização sem fins lucrativos que ainda hoje se dedica à reinserção social de ex-reclusos.
Em 1971, a Metro Goldwin Mayer produziu uma versão cinematográfica que, apesar da colaboração de Herbert no guião, sofreu alterações que a tornam muito inferior à peça, diminuem os personagens e, em alguns aspectos, torpedeiam os objectivos originais do autor. Sobretudo, fecha a história em si própria, roubando-lhe o valor de metáfora aplicável noutros contextos da condição humana. Salva-se o desempenho de Michel Greer como Queenie.
SINOPSE
Fortune and Men’s Eyes (título retirado do Soneto XXIX de Shakespeare) é uma peça crua e amarga sobre a degradação e a brutalidade física e moral num reformatório masculino.
O protagonista é SMITTY, que cumpre uma pena de seis meses por um delito menor.
A peça foca a sua transformação de um ser humano essencialmente não criminoso e até um pouco naïf num prisioneiro empedernido, que acaba por se tornar ainda mais insensível e cínico do que os companheiros de cela.
Os companheiros de cela são três: ROCKY, oportunista, manhoso e gabarolas;
QUEENIE, agressivamente “bicha” quando lhe convém, que manobra o sistema iníquo do reformatório em seu proveito;
e LEO (“Mona Lisa”), um rapaz meigo que aprendeu a separar corpo e consciência para ir sobrevivendo.
A interacção destes personagens cria a dinâmica da peça, uma tensão sombria que resulta na corrupção final de Smitty.
O protagonista é SMITTY, que cumpre uma pena de seis meses por um delito menor.
A peça foca a sua transformação de um ser humano essencialmente não criminoso e até um pouco naïf num prisioneiro empedernido, que acaba por se tornar ainda mais insensível e cínico do que os companheiros de cela.
Os companheiros de cela são três: ROCKY, oportunista, manhoso e gabarolas;
QUEENIE, agressivamente “bicha” quando lhe convém, que manobra o sistema iníquo do reformatório em seu proveito;
e LEO (“Mona Lisa”), um rapaz meigo que aprendeu a separar corpo e consciência para ir sobrevivendo.
A interacção destes personagens cria a dinâmica da peça, uma tensão sombria que resulta na corrupção final de Smitty.
Subscrever:
Mensagens (Atom)